segunda-feira, 7 de julho de 2008
Dos anos 70 ao neo-romântico
Velhos estilos e novos usos do casual ao noturno
A estação traz uma grande variedade de vertentes, que constituem uma releitura de estilos das últimas décadas do século XX. Os anos 70 foram novamente fonte de inspiração para os jeans, formatos túnicas e longos, além dos ícones do rock and roll. Retornam as bocas largas nas calças, as pantalonas, as estampas e babados, os comprimentos longos usados com sobreposições de jaquetas, pulls e tricôs.
O básico esportivo vem renovado pela influência caubói com franjas, botas, uso do couro em jaquetas, calças e shorts. É um western urbano e sofisticado. O novo romântico aponta para looks com cara de universo infantil, nostalgia feminina com saias armadas ou estilo anos 20 com bordados e franjas.
Vestidos manteau, tipo redingote, casacos bem curtos estruturados são novidades da estação. Marcam presença os tricôs artesanais, grossos ou mais leves em casacos cardigans. A silhueta é democrática: pode ser com cintura marcada no lugar ou alta, com volume nas saias, balonê, justa ou geométrica. Mangas e gol, assim como os comprimentos curtos.
O couro vem trabalhado com sofisticação. Novas texturas invadem os looks em plissados, drapeados, encerados e envernizados. Este é um inverno com mais cor e muitos xadrezes em todos os segmentos. As estampas são gráficas, minimalistas e listradas. A sobreposição de peças é proposta interessante para o jogo da moda.
A estação traz uma grande variedade de vertentes, que constituem uma releitura de estilos das últimas décadas do século XX. Os anos 70 foram novamente fonte de inspiração para os jeans, formatos túnicas e longos, além dos ícones do rock and roll. Retornam as bocas largas nas calças, as pantalonas, as estampas e babados, os comprimentos longos usados com sobreposições de jaquetas, pulls e tricôs.
O básico esportivo vem renovado pela influência caubói com franjas, botas, uso do couro em jaquetas, calças e shorts. É um western urbano e sofisticado. O novo romântico aponta para looks com cara de universo infantil, nostalgia feminina com saias armadas ou estilo anos 20 com bordados e franjas.
Vestidos manteau, tipo redingote, casacos bem curtos estruturados são novidades da estação. Marcam presença os tricôs artesanais, grossos ou mais leves em casacos cardigans. A silhueta é democrática: pode ser com cintura marcada no lugar ou alta, com volume nas saias, balonê, justa ou geométrica. Mangas e gol, assim como os comprimentos curtos.
O couro vem trabalhado com sofisticação. Novas texturas invadem os looks em plissados, drapeados, encerados e envernizados. Este é um inverno com mais cor e muitos xadrezes em todos os segmentos. As estampas são gráficas, minimalistas e listradas. A sobreposição de peças é proposta interessante para o jogo da moda.
quarta-feira, 7 de maio de 2008
Blogs, jornalistas e colaboradores
O projeto 1ª Terça do SJPMG teve na sua edição do dia 06 de maio como tema a Internet e o jornalismo alternativo. Para debater o assunto foram convidados os jornalistas Luiz Nassif, blogueiro do Portal IG que dispensa apresentação, e Ivan Satuf, um dos responsáveis pela edição de conteúdo do Portal Uai (Diários Associados MG).
Satuf abriu a mesa colocando a distinção entre jornalismo de fato e testemunho referindo-se ao jornalismo colaborativo. “Hoje todos são jornalistas em potencial, mas esta atividade é profissional. Existem regras”, explicou, acrescentando que a forma de apuração mudou, na blogosfera qualquer é emissor e o papel do jornalista é saber organizar, selecionar e publicar o mundo vasto de informações que a web propicia em tempo real. Para ele, é necessário saber lidar com a informação que não é de sua própria produção.
Na sua opinião o que caracteriza os blogs é principalmente a centralidade da enunciação,_pois o conteúdo é identificado com seu autor e está sob sua chancela e responsabilidade_, e a ferramenta de comentários que eles forçosamente possuem. “Se não estimula a conversação não é blog”, pontificou. Satuf ainda se referiu à alteração da hierarquia dos fatos que os blogs trazem pelo seu formato vertical de postagem. Sendo assim a manchete do dia pode ficar lá embaixo ou mesmo oculta em post anterior.
Ele citou a relação dos blogs importantes com os grandes portais e chamou a atenção para o fato dos jornalistas mais consagrados da blogosfera brasileira serem profissionais que se fizeram na velha mídia, ou melhor, antes dos blogs já eram consagrados e reconhecidos. Como exemplos: Nassif no IG, Noblat no Globo.com e Juca Kfouri no UOL. E deixou a pergunta: “existirão blogueiros descolados dos grandes portais?” E ainda: “será que teremos blogueiros se destacando e se construindo somente dentro do ciberespaço?”
Interatividade
Nassif deu seu perfil, destacando que em 82 comprou seu primeiro computador com impressora e em 87 criou o Dinheiro Vivo, seu primeiro produto antes da Internet, onde conheceu sua mulher em sala de bate papo. Em seguida comparou o modo de produção convencional do jornalismo impresso ou eletrônico com o dos blogs, assinalando suas diferenças. No jornal impresso, o pauteiro seleciona pela manhã os temas para os repórteres, que produzem suas matérias e passam para os editores; o jornalista é o dono da informação. “No sistema de blogs, o jogo é outro”, afirmou.
Citou como exemplo comparativo a cobertura que ele fez em seu blog do episódio da queda do avião da Gol na Amazônia em setembro de 2006. “Depois de alguns dias eu tinha todo um quadro de informações que a mídia tradicional não possuía”, observou. Entre seus colaboradores, pilotos, engenheiros de aeronáutica e controladores de vôo contribuíram com informações valiosas e confiáveis. E comparou a coisa, destacando que a mídia tradicional tem como fonte obrigatória, especialmente nestes casos de tragédias, as autoridades. “E os maiores absurdos que saem na mídia vêem das autoridades. Já o blog obriga seu autor a ter discernimento jornalístico, bom senso e se duvidar da informação pode colocá-la e chamar para a discussão pra ver se ela é verdadeira ou não”.
Nassif anunciou o fim do jornalismo convencional. Para ele a grande mídia não tem competição e se tornou o último setor fechado da economia. E no entanto existe um enorme conhecimento espalhado pelo país através de colaboradores capacitados que a Internet utiliza. Ele cita o exemplo da colaboração de um médico mineiro, Eugênio ???, que através da Internet contribuiu muito para a política de saúde implementada pelo Serra, quando ministro de FHC. E se refere aos seus colaboradores como de altíssimo nível, um grupo que reúne especialistas em comércio exterior, economia, gestão e diplomacia, entre outros temas, inclusive poesia.
Rede de colaboração
“O Brasil é um país sofisticado hoje. Os partidos não representam nada, a imprensa não capta e os jornais são o que saiu na web ontem”. Para ele os princípios jornalísticos ainda são essenciais, mas as ferramentas são diferentes porque ninguém é dono mais da informação. Ela é abundante na web e vem de todos. E reforça que blog é comentário aberto e interação. “O leitor é fonte preciosa de notícia, mas é você que tem que criar o caráter do blog com código de conduta para que o colaborador possa se adequar”. Deu também conselhos: o blogueiro deve ser humilde para saber quando o leitor tem razão e ter segurança para reagir e assimilar sua crítica.
Fundamental na opinião de Nassif para o jornalista na blogosfera é saber trabalhar com a grande massa de informação e não deixar o conteúdo por conta só dos comentários. Ele cita as novas ferramentas de tecnologia que trazem os indicadores. Quando estes apontam algo inédito aí está a pauta. Outros pontos importantes para ele são: o blogueiro saber ser um bom provocador para extrair o melhor dos leitores, organizar as informações, estruturar a discussão e extrair a matéria de todo esse processo. “Você é obrigado a ser muito mais jornalista do que no modelo atual”, advertiu.
Para o futuro imediato Nassif anunciou o blog como componente de comunidades de discussão, fóruns on line, painéis trabalhando com o conceito de indicadores e gerando documentos. E citou a nova ferramenta que são os projects, indicadores que são programados com os prazos determinados pelo projeto pesquisado. Quando vence o prazo de determinada etapa o project avisa.
A grande reportagem
Nassif ainda criticou severamente o jornalismo dos anos 90, “quando a notícia passou a ser tratada como marketing” e defendeu a internet como alternativa para buscar visões diferentes do cartel do mercado de opinião, que passou a significar a mídia convencional. Então, ele prevê a reorganização do sistema de informações a partir da web e da blogosfera.
Sua rotina de produção do blog começa às 10 da noite, quando posta o trivial. Às 7 horas da manhã seguinte posta a coluna e durante o dia vai postando de 10 a 15 notas. Às 9 ou 9:30 horas da manhã posta notas e libera os comentários. Nos fins de semana produz mais notas.
Interpelado pela platéia sobre a possibilidade de remuneração através do trabalho com blogs Satuf observou que isso só acontecerá quando os grandes anunciantes migrarem para a Internet. Ele anunciou ainda uma ferramenta que poderá ser útil para a captação comercial dos blogs que é o Analicts (?), que dá a medição de audiência dos sites com muita precisão, incluindo o tempo que o internauta permaneceu em visita à página ou link. Ele também chamou a atenção para a necessidade de manutenção da gratuidade do acesso aos sites e assinalou que dispositivo novo pede narrativa nova e é o que todos que trabalham na área ainda estão buscando.
Outro ponto levantado pela platéia foi a possibilidade de presença da grande reportagem na web. Nassif afirmou que a Internet acata perfeitamente o formato da grande reportagem, que os jornais impressos abandonaram. E para isso só é necessário o grande jornalista para escrevê-la e postá-la. Ele citou a sua série sobre a Veja que fez muito sucesso em seu blog.
Satuf abriu a mesa colocando a distinção entre jornalismo de fato e testemunho referindo-se ao jornalismo colaborativo. “Hoje todos são jornalistas em potencial, mas esta atividade é profissional. Existem regras”, explicou, acrescentando que a forma de apuração mudou, na blogosfera qualquer é emissor e o papel do jornalista é saber organizar, selecionar e publicar o mundo vasto de informações que a web propicia em tempo real. Para ele, é necessário saber lidar com a informação que não é de sua própria produção.
Na sua opinião o que caracteriza os blogs é principalmente a centralidade da enunciação,_pois o conteúdo é identificado com seu autor e está sob sua chancela e responsabilidade_, e a ferramenta de comentários que eles forçosamente possuem. “Se não estimula a conversação não é blog”, pontificou. Satuf ainda se referiu à alteração da hierarquia dos fatos que os blogs trazem pelo seu formato vertical de postagem. Sendo assim a manchete do dia pode ficar lá embaixo ou mesmo oculta em post anterior.
Ele citou a relação dos blogs importantes com os grandes portais e chamou a atenção para o fato dos jornalistas mais consagrados da blogosfera brasileira serem profissionais que se fizeram na velha mídia, ou melhor, antes dos blogs já eram consagrados e reconhecidos. Como exemplos: Nassif no IG, Noblat no Globo.com e Juca Kfouri no UOL. E deixou a pergunta: “existirão blogueiros descolados dos grandes portais?” E ainda: “será que teremos blogueiros se destacando e se construindo somente dentro do ciberespaço?”
Interatividade
Nassif deu seu perfil, destacando que em 82 comprou seu primeiro computador com impressora e em 87 criou o Dinheiro Vivo, seu primeiro produto antes da Internet, onde conheceu sua mulher em sala de bate papo. Em seguida comparou o modo de produção convencional do jornalismo impresso ou eletrônico com o dos blogs, assinalando suas diferenças. No jornal impresso, o pauteiro seleciona pela manhã os temas para os repórteres, que produzem suas matérias e passam para os editores; o jornalista é o dono da informação. “No sistema de blogs, o jogo é outro”, afirmou.
Citou como exemplo comparativo a cobertura que ele fez em seu blog do episódio da queda do avião da Gol na Amazônia em setembro de 2006. “Depois de alguns dias eu tinha todo um quadro de informações que a mídia tradicional não possuía”, observou. Entre seus colaboradores, pilotos, engenheiros de aeronáutica e controladores de vôo contribuíram com informações valiosas e confiáveis. E comparou a coisa, destacando que a mídia tradicional tem como fonte obrigatória, especialmente nestes casos de tragédias, as autoridades. “E os maiores absurdos que saem na mídia vêem das autoridades. Já o blog obriga seu autor a ter discernimento jornalístico, bom senso e se duvidar da informação pode colocá-la e chamar para a discussão pra ver se ela é verdadeira ou não”.
Nassif anunciou o fim do jornalismo convencional. Para ele a grande mídia não tem competição e se tornou o último setor fechado da economia. E no entanto existe um enorme conhecimento espalhado pelo país através de colaboradores capacitados que a Internet utiliza. Ele cita o exemplo da colaboração de um médico mineiro, Eugênio ???, que através da Internet contribuiu muito para a política de saúde implementada pelo Serra, quando ministro de FHC. E se refere aos seus colaboradores como de altíssimo nível, um grupo que reúne especialistas em comércio exterior, economia, gestão e diplomacia, entre outros temas, inclusive poesia.
Rede de colaboração
“O Brasil é um país sofisticado hoje. Os partidos não representam nada, a imprensa não capta e os jornais são o que saiu na web ontem”. Para ele os princípios jornalísticos ainda são essenciais, mas as ferramentas são diferentes porque ninguém é dono mais da informação. Ela é abundante na web e vem de todos. E reforça que blog é comentário aberto e interação. “O leitor é fonte preciosa de notícia, mas é você que tem que criar o caráter do blog com código de conduta para que o colaborador possa se adequar”. Deu também conselhos: o blogueiro deve ser humilde para saber quando o leitor tem razão e ter segurança para reagir e assimilar sua crítica.
Fundamental na opinião de Nassif para o jornalista na blogosfera é saber trabalhar com a grande massa de informação e não deixar o conteúdo por conta só dos comentários. Ele cita as novas ferramentas de tecnologia que trazem os indicadores. Quando estes apontam algo inédito aí está a pauta. Outros pontos importantes para ele são: o blogueiro saber ser um bom provocador para extrair o melhor dos leitores, organizar as informações, estruturar a discussão e extrair a matéria de todo esse processo. “Você é obrigado a ser muito mais jornalista do que no modelo atual”, advertiu.
Para o futuro imediato Nassif anunciou o blog como componente de comunidades de discussão, fóruns on line, painéis trabalhando com o conceito de indicadores e gerando documentos. E citou a nova ferramenta que são os projects, indicadores que são programados com os prazos determinados pelo projeto pesquisado. Quando vence o prazo de determinada etapa o project avisa.
A grande reportagem
Nassif ainda criticou severamente o jornalismo dos anos 90, “quando a notícia passou a ser tratada como marketing” e defendeu a internet como alternativa para buscar visões diferentes do cartel do mercado de opinião, que passou a significar a mídia convencional. Então, ele prevê a reorganização do sistema de informações a partir da web e da blogosfera.
Sua rotina de produção do blog começa às 10 da noite, quando posta o trivial. Às 7 horas da manhã seguinte posta a coluna e durante o dia vai postando de 10 a 15 notas. Às 9 ou 9:30 horas da manhã posta notas e libera os comentários. Nos fins de semana produz mais notas.
Interpelado pela platéia sobre a possibilidade de remuneração através do trabalho com blogs Satuf observou que isso só acontecerá quando os grandes anunciantes migrarem para a Internet. Ele anunciou ainda uma ferramenta que poderá ser útil para a captação comercial dos blogs que é o Analicts (?), que dá a medição de audiência dos sites com muita precisão, incluindo o tempo que o internauta permaneceu em visita à página ou link. Ele também chamou a atenção para a necessidade de manutenção da gratuidade do acesso aos sites e assinalou que dispositivo novo pede narrativa nova e é o que todos que trabalham na área ainda estão buscando.
Outro ponto levantado pela platéia foi a possibilidade de presença da grande reportagem na web. Nassif afirmou que a Internet acata perfeitamente o formato da grande reportagem, que os jornais impressos abandonaram. E para isso só é necessário o grande jornalista para escrevê-la e postá-la. Ele citou a sua série sobre a Veja que fez muito sucesso em seu blog.
sexta-feira, 25 de abril de 2008
Moda, revolução e comportamento em 1968
Caldeirão de tendências e contestação redesenham o estilo da juventude no período
O ano é marcado pela eclosão dos movimentos políticos e culturais dos jovens nos EUA e Europa, mas a moda já passava por uma revolução acompanhando a onda londrina dos anos 60, a chamada “swinging London”. Mary Quant já havia lançado a minissaia, os Beatles já tinham ido à Índia. Em Paris, os estudantes se rebelavam nas ruas promovendo o episódio que entrou para a história sob o nome de “maio de 68”. Nos EUA, os jovens se manifestavam nos campus universitários e nos espaços públicos contra a guerra do Vietnã. No Brasil, a ditadura endurecia com a decretação do A I5 e a mobilização estudantil se radicalizava em torno da luta armada.
Na Califórnia, a emergente cultura hippie antecipava o cruzamento de tendências estéticas mundiais no modo de vestir. E na costa leste, o movimento peace and love se afirma, assim como o consumo de drogas lisérgicas, embutido no pacote da revolução cultural que eclodia na sociedade americana.
No Brasil, Caetano Veloso reagiu a vaia em festival de música paulista com o lema “É proibido proibir”, conceito que vinha dos grafites nos muros de Paris e atravessa a exuberância de vertentes que a moda jovem passa a disseminar desde 68. Nesse cenário, onde os jovens brasileiros tinham acesso à cultura de massas, e por isso mesmo procuravam reproduzir os padrões da juventude ocidental, uma “anti-moda” começava a se evidenciar com influência militar, jeans reciclados e camisetas baratas.
A década, que tinha começado sob a influência do rock and roll e seus estilos importados, viu o prêt-à-porter _a roupa pronta para usar_ se expandir. Em Paris, centro mundial da moda, novos designers renovavam a própria alta costura. Entre eles, Cardin, Courreges e Paco Rabanne propunham looks futuristas e acessórios pop. Até a arquitetura moderna e o design contemporâneo redesenhavam o jovem estilo urbano. Yves Saint Laurent modernizava a alta moda introduzindo o safári, o casual e o estilo masculino para o feminino. O tubinho curto pode ser considerado o vestido da década, porém em 68 já estava em vigor também a mistura de estilos no ambiente jovem, profundamente influenciado pelas estrelas da música, do cinema e das artes em geral.
Havia uma estilização feminina que vinha dos cabelos, lisos e armados, da maquiagem de boca clara e olhos com cílios postiços evoluindo para um look mais selvagem com forte apelo fashion. Para os rapazes o cabelo longo anunciava uma nova ordem que aproximava irremediavelmente os dois sexos ou todos os sexos. As garotas começavam a se vestir no dia a dia como os rapazes: de jeans, camisa xadrez, mocassins, sapatilhas, camisetas; síntese que viria a ser chamada de moda unissex.
A atitude refletia os novos papéis sociais da mulher, revistos a partir do movimento feminista e do acesso deste contingente à educação de nível superior, à pílula anticoncepcional e à revolução sexual. Blusas de gola roulê para os dois sexos, calças estilo capri justas e ao mesmo tempo peças que vinham de outras culturas_como as túnicas, batas, longos dos países do Oriente_ começavam a invadir o guarda roupa dos jovens ocidentais dos grandes centros urbanos.
No Brasil, tanto a Jovem Guarda durante os anos 1960, como o Tropicalismo a partir de 1968, subvertem os padrões no modo dos jovens se vestirem. Gal Costa e Rita Lee, entre outras, eram as musas com seu looks étnicos e hippie chique, um símbolo para as garotas que amavam não só os Beatles e os Rolling Stones, mas também a arte pop, o cinema novo, a nouvelle vague e o underground.
O biquíni brasileiro é difundido a partir de Ipanema, que também lançava moda para o país com suas primeiras butiques charmosas. Em São Paulo, a Rua Augusta era o reduto da moda jovem e em Belo Horizonte, esse movimento se iniciava na Savassi, circuito que começava a se estabelecer com pequenas lojas do segmento alternativo da indústria de prêt-à-porter que se anunciava no Brasil.
O foco do objetivo do modo de vestir muda da distinção social para a cultural durante a década de 60. Gilles Lipovetsky, filósofo francês pensador sobre a moda, localiza essa virada. Para ele até os anos 50, as jovens se espelhavam em suas mães para se vestirem, mas a partir dos anos 60 são as mães que passam a copiar as filhas. Antes disso Mary Quant profetizou: “a moda leva você a ser o que você quiser”.
Desde então a hegemonia da cultura jovem veio contaminando o mercado de bens de consumo fashion como um todo. O sistema capitalista se apropriou dos signos da contestação e os incorporou à grande indústria da moda. E hoje, 40 anos depois do marco que significou 68, os jovens se tornaram tanto os arautos das novas tendências como seus primeiros consumidores.
(Matéria publicada na revista 040 (Belo Horizonte/MG/Abril de 2008)
O ano é marcado pela eclosão dos movimentos políticos e culturais dos jovens nos EUA e Europa, mas a moda já passava por uma revolução acompanhando a onda londrina dos anos 60, a chamada “swinging London”. Mary Quant já havia lançado a minissaia, os Beatles já tinham ido à Índia. Em Paris, os estudantes se rebelavam nas ruas promovendo o episódio que entrou para a história sob o nome de “maio de 68”. Nos EUA, os jovens se manifestavam nos campus universitários e nos espaços públicos contra a guerra do Vietnã. No Brasil, a ditadura endurecia com a decretação do A I5 e a mobilização estudantil se radicalizava em torno da luta armada.
Na Califórnia, a emergente cultura hippie antecipava o cruzamento de tendências estéticas mundiais no modo de vestir. E na costa leste, o movimento peace and love se afirma, assim como o consumo de drogas lisérgicas, embutido no pacote da revolução cultural que eclodia na sociedade americana.
No Brasil, Caetano Veloso reagiu a vaia em festival de música paulista com o lema “É proibido proibir”, conceito que vinha dos grafites nos muros de Paris e atravessa a exuberância de vertentes que a moda jovem passa a disseminar desde 68. Nesse cenário, onde os jovens brasileiros tinham acesso à cultura de massas, e por isso mesmo procuravam reproduzir os padrões da juventude ocidental, uma “anti-moda” começava a se evidenciar com influência militar, jeans reciclados e camisetas baratas.
A década, que tinha começado sob a influência do rock and roll e seus estilos importados, viu o prêt-à-porter _a roupa pronta para usar_ se expandir. Em Paris, centro mundial da moda, novos designers renovavam a própria alta costura. Entre eles, Cardin, Courreges e Paco Rabanne propunham looks futuristas e acessórios pop. Até a arquitetura moderna e o design contemporâneo redesenhavam o jovem estilo urbano. Yves Saint Laurent modernizava a alta moda introduzindo o safári, o casual e o estilo masculino para o feminino. O tubinho curto pode ser considerado o vestido da década, porém em 68 já estava em vigor também a mistura de estilos no ambiente jovem, profundamente influenciado pelas estrelas da música, do cinema e das artes em geral.
Havia uma estilização feminina que vinha dos cabelos, lisos e armados, da maquiagem de boca clara e olhos com cílios postiços evoluindo para um look mais selvagem com forte apelo fashion. Para os rapazes o cabelo longo anunciava uma nova ordem que aproximava irremediavelmente os dois sexos ou todos os sexos. As garotas começavam a se vestir no dia a dia como os rapazes: de jeans, camisa xadrez, mocassins, sapatilhas, camisetas; síntese que viria a ser chamada de moda unissex.
A atitude refletia os novos papéis sociais da mulher, revistos a partir do movimento feminista e do acesso deste contingente à educação de nível superior, à pílula anticoncepcional e à revolução sexual. Blusas de gola roulê para os dois sexos, calças estilo capri justas e ao mesmo tempo peças que vinham de outras culturas_como as túnicas, batas, longos dos países do Oriente_ começavam a invadir o guarda roupa dos jovens ocidentais dos grandes centros urbanos.
No Brasil, tanto a Jovem Guarda durante os anos 1960, como o Tropicalismo a partir de 1968, subvertem os padrões no modo dos jovens se vestirem. Gal Costa e Rita Lee, entre outras, eram as musas com seu looks étnicos e hippie chique, um símbolo para as garotas que amavam não só os Beatles e os Rolling Stones, mas também a arte pop, o cinema novo, a nouvelle vague e o underground.
O biquíni brasileiro é difundido a partir de Ipanema, que também lançava moda para o país com suas primeiras butiques charmosas. Em São Paulo, a Rua Augusta era o reduto da moda jovem e em Belo Horizonte, esse movimento se iniciava na Savassi, circuito que começava a se estabelecer com pequenas lojas do segmento alternativo da indústria de prêt-à-porter que se anunciava no Brasil.
O foco do objetivo do modo de vestir muda da distinção social para a cultural durante a década de 60. Gilles Lipovetsky, filósofo francês pensador sobre a moda, localiza essa virada. Para ele até os anos 50, as jovens se espelhavam em suas mães para se vestirem, mas a partir dos anos 60 são as mães que passam a copiar as filhas. Antes disso Mary Quant profetizou: “a moda leva você a ser o que você quiser”.
Desde então a hegemonia da cultura jovem veio contaminando o mercado de bens de consumo fashion como um todo. O sistema capitalista se apropriou dos signos da contestação e os incorporou à grande indústria da moda. E hoje, 40 anos depois do marco que significou 68, os jovens se tornaram tanto os arautos das novas tendências como seus primeiros consumidores.
(Matéria publicada na revista 040 (Belo Horizonte/MG/Abril de 2008)
quarta-feira, 23 de abril de 2008
Depilação brasileira em alta
Associada a novo hábito comportamental das norte-americanas ela recebe destaque como influência colonizadora
O hábito vem desde o antigo Egito, mas integra também os costumes de outras sociedades pelo mundo, inclusive as tribais. Na atualidade, está em alta no Ocidente, até mesmo para os homens, que andam depilando tórax, costas e até pernas. No Brasil, país dos biquínis mínimos e costa atlântica vasta, as mulheres se entregam de tal maneira à prática, que esta, exportada para os EUA, é conhecida hoje como brazilian waxing. Wax quer dizer cera, portanto trata-se da depilação com cera quente, técnica muito bem desenvolvida pelas esteticistas brasileiras.
A edição de 2003 o dicionário britânico Oxford incluiu o termo “brazilian” como sinônimo de depilação excessiva do púbis, necessária para usar biquínis menores que os do padrão europeu. De acordo com uma das editoras da publicação, Catherine Soanes, ouvida pela BBC Brasil, os brasileiros não devem ficar ofendidos. “Eu sei que é um tema delicado, mas existe também a depilação Hollywood, que é ainda mais intensa e não deixa sobrar nada”, observa a jornalista.
Então, já que somos os introdutores do hábito radical nos países do hemisfério norte, as técnicas utilizadas aqui também são exportadas para lá principalmente por profissionais brasileiras. No site www.floridabrasil.com/saloes encontramos uma série de salões de brasileiros nas cidades da Flórida, anunciando seus serviços em depilação.
Artigo da escritora americana Tracy Quan, denominado “Waxing Philosophical” (Filosofando sobre depilação), no site www.alternet.org/story /, afirma que no hemisfério norte o verão vem e vai, mas a depilação brasileira está lá para ficar não como turista, mas como residente permanente.
Ela endossa que o novo comportamento relativo à depilação pubiana excessiva tornou-se um hábito fashion, disseminado na sociedade, e não mais restrito ao gueto onde militam as atrizes de filmes pornográficos. E se refere à “brasinilização” das mais escondidas regiões do corpo dos norte-americanos como um novo fato da vida urbana, “já que a globalização nem sempre está em torno de valores impostos pelos EUA sobre outras culturas, nossas partes mais íntimas estão sendo colonizadas por esteticistas que vêm do lado de baixo do Equador”, conclui a escritora.
Titita Motta
(Matéria de setembro de 2004
O hábito vem desde o antigo Egito, mas integra também os costumes de outras sociedades pelo mundo, inclusive as tribais. Na atualidade, está em alta no Ocidente, até mesmo para os homens, que andam depilando tórax, costas e até pernas. No Brasil, país dos biquínis mínimos e costa atlântica vasta, as mulheres se entregam de tal maneira à prática, que esta, exportada para os EUA, é conhecida hoje como brazilian waxing. Wax quer dizer cera, portanto trata-se da depilação com cera quente, técnica muito bem desenvolvida pelas esteticistas brasileiras.
A edição de 2003 o dicionário britânico Oxford incluiu o termo “brazilian” como sinônimo de depilação excessiva do púbis, necessária para usar biquínis menores que os do padrão europeu. De acordo com uma das editoras da publicação, Catherine Soanes, ouvida pela BBC Brasil, os brasileiros não devem ficar ofendidos. “Eu sei que é um tema delicado, mas existe também a depilação Hollywood, que é ainda mais intensa e não deixa sobrar nada”, observa a jornalista.
Então, já que somos os introdutores do hábito radical nos países do hemisfério norte, as técnicas utilizadas aqui também são exportadas para lá principalmente por profissionais brasileiras. No site www.floridabrasil.com/saloes encontramos uma série de salões de brasileiros nas cidades da Flórida, anunciando seus serviços em depilação.
Artigo da escritora americana Tracy Quan, denominado “Waxing Philosophical” (Filosofando sobre depilação), no site www.alternet.org/story /, afirma que no hemisfério norte o verão vem e vai, mas a depilação brasileira está lá para ficar não como turista, mas como residente permanente.
Ela endossa que o novo comportamento relativo à depilação pubiana excessiva tornou-se um hábito fashion, disseminado na sociedade, e não mais restrito ao gueto onde militam as atrizes de filmes pornográficos. E se refere à “brasinilização” das mais escondidas regiões do corpo dos norte-americanos como um novo fato da vida urbana, “já que a globalização nem sempre está em torno de valores impostos pelos EUA sobre outras culturas, nossas partes mais íntimas estão sendo colonizadas por esteticistas que vêm do lado de baixo do Equador”, conclui a escritora.
Titita Motta
(Matéria de setembro de 2004
Modernidade e moda
O mundo fashion é um universo paralelo perfeitamente compreensível para os iniciados nos seus códigos permanentes ou mutantes. No entanto, para os que não pertencem ao meio, marinheiros de primeira viagem ou meros iniciantes na tentativa de se familiarizar com os conteúdos abrangentes da área, as dificuldades logo se apresentam.
Para começar hoje, a moda está presente em tudo: na atitude, nos acessórios e na roupa, mas também na comida, nos destinos de viagens, no design do espaço, na escolha dos restaurantes ou casas noturnas, no som ambiente, no próprio local e no formato dos eventos, lançamentos ou mesmo comemorações sociais ou empresariais.
A roupa do fashion people não obedece a regras palpáveis. Veste-se o que esteja de acordo com o estilo de quem a carrega, mas geralmente com itens da estação. Aí as tribos se manifestam. Só é proibido ser acadêmico, passar a impressão de que se produziu muito e combinou coisa com coisa, formalizando o look.
A roupa em si até adquire menos importância, mas os acessórios como óculos, bolsas e sapatos dizem muito sobre o senso de atualização do usuário. E a coisa começa na silhueta, no jogo das composições e termina nos detalhes. E ainda no corte do cabelo e no make. Regras já não existem mais e informação é tudo. O segredo está em personalizar seu look de acordo com seu gosto e preferências, abraçando aquilo que as tendências trazem para lhe favorecer.
Desconfie de quem diz que moda não é para ser seguida. Que renega o valor do termo e sua influência. É necessário um mínimo de humildade,_embora isso possa parecer absurdo_ , para admitir sim que a moda rege nossas vidas, ou pelo menos o nosso estilo de vida inexoravelmente para o bem ou para o mal.
Titita Motta
(Maio 2007 )
Para começar hoje, a moda está presente em tudo: na atitude, nos acessórios e na roupa, mas também na comida, nos destinos de viagens, no design do espaço, na escolha dos restaurantes ou casas noturnas, no som ambiente, no próprio local e no formato dos eventos, lançamentos ou mesmo comemorações sociais ou empresariais.
A roupa do fashion people não obedece a regras palpáveis. Veste-se o que esteja de acordo com o estilo de quem a carrega, mas geralmente com itens da estação. Aí as tribos se manifestam. Só é proibido ser acadêmico, passar a impressão de que se produziu muito e combinou coisa com coisa, formalizando o look.
A roupa em si até adquire menos importância, mas os acessórios como óculos, bolsas e sapatos dizem muito sobre o senso de atualização do usuário. E a coisa começa na silhueta, no jogo das composições e termina nos detalhes. E ainda no corte do cabelo e no make. Regras já não existem mais e informação é tudo. O segredo está em personalizar seu look de acordo com seu gosto e preferências, abraçando aquilo que as tendências trazem para lhe favorecer.
Desconfie de quem diz que moda não é para ser seguida. Que renega o valor do termo e sua influência. É necessário um mínimo de humildade,_embora isso possa parecer absurdo_ , para admitir sim que a moda rege nossas vidas, ou pelo menos o nosso estilo de vida inexoravelmente para o bem ou para o mal.
Titita Motta
(Maio 2007 )
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