quarta-feira, 23 de abril de 2008

Depilação brasileira em alta

Associada a novo hábito comportamental das norte-americanas ela recebe destaque como influência colonizadora

O hábito vem desde o antigo Egito, mas integra também os costumes de outras sociedades pelo mundo, inclusive as tribais. Na atualidade, está em alta no Ocidente, até mesmo para os homens, que andam depilando tórax, costas e até pernas. No Brasil, país dos biquínis mínimos e costa atlântica vasta, as mulheres se entregam de tal maneira à prática, que esta, exportada para os EUA, é conhecida hoje como brazilian waxing. Wax quer dizer cera, portanto trata-se da depilação com cera quente, técnica muito bem desenvolvida pelas esteticistas brasileiras.
A edição de 2003 o dicionário britânico Oxford incluiu o termo “brazilian” como sinônimo de depilação excessiva do púbis, necessária para usar biquínis menores que os do padrão europeu. De acordo com uma das editoras da publicação, Catherine Soanes, ouvida pela BBC Brasil, os brasileiros não devem ficar ofendidos. “Eu sei que é um tema delicado, mas existe também a depilação Hollywood, que é ainda mais intensa e não deixa sobrar nada”, observa a jornalista.
Então, já que somos os introdutores do hábito radical nos países do hemisfério norte, as técnicas utilizadas aqui também são exportadas para lá principalmente por profissionais brasileiras. No site www.floridabrasil.com/saloes encontramos uma série de salões de brasileiros nas cidades da Flórida, anunciando seus serviços em depilação.
Artigo da escritora americana Tracy Quan, denominado “Waxing Philosophical” (Filosofando sobre depilação), no site www.alternet.org/story /, afirma que no hemisfério norte o verão vem e vai, mas a depilação brasileira está lá para ficar não como turista, mas como residente permanente.
Ela endossa que o novo comportamento relativo à depilação pubiana excessiva tornou-se um hábito fashion, disseminado na sociedade, e não mais restrito ao gueto onde militam as atrizes de filmes pornográficos. E se refere à “brasinilização” das mais escondidas regiões do corpo dos norte-americanos como um novo fato da vida urbana, “já que a globalização nem sempre está em torno de valores impostos pelos EUA sobre outras culturas, nossas partes mais íntimas estão sendo colonizadas por esteticistas que vêm do lado de baixo do Equador”, conclui a escritora.

Titita Motta
(Matéria de setembro de 2004

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